A mergulhadora italiana Cristina Zanato desenvolve uma técnica pouco conhecida para 'adormecer' tubarões chamada de Imobilização Tônica.
Ao esfregar com a mão suavemente sobre pequenas aberturas ao redor de sua boca e nariz, conhecidas como ampolas de Lorenzini, ela induz os animais a um estado de paralisia, no qual eles ficam por até 15 minutos.
As ampolas de Lorenzini são órgãos sensoriais eletrorreceptores que ajudam os animais a detectar vibrações ao seu redor.
'Aprendi (a técnica) por acidente. O tubarão vinha alto em direção ao meu rosto', contou ela à BBC Brasil.
'Eu o toquei para empurrá-lo para baixo, mas o tubarão parou de nadar. Foi um comportamento que nos maravilhou e não podíamos explicar', diz ela.
Cristina diz que desenvolveu a técnica 'ao longo dos anos, até alcançar os resultados que você vê hoje'.
O fotógrafo brasileiro Marcio Lisa, que acompanhou o trabalho de Cristina por dois dias nas Bahamas, diz que observar a técnica 'é extremamente emocionante'.
'Apesar de já ter feito shark feeding (alimentação de tubarões) antes em outras partes do mundo, nas Bahamas os tubarões são em maior quantidade, cerca de 30 ou 40 ao seu redor, e ficam mais próximos', diz ele.
'É de chorar de emoção ver um bicho deste tamanho imobilizado.'
Conservação
Nascida na Itália, Cristina, 40 anos, cresceu nas florestas do Congo e, desde os 20 e poucos anos, é instrutora de mergulho nas Bahamas.
Mas a paixão pelos tubarões vem de antes. 'Comecei a nadar com eles aos oito anos de idade. Tive a sorte de ter um pai e uma mãe apaixonados pelo oceano', diz ela.
Atualmente, ela faz campanha contra a caça predatória de tubarões motivada pela demanda por suas barbatanas.
'É impressionante ver que países menores, mais pobres, com uma relação maior com o oceano, proibiram totalmente a importação e exportação de barbatanas e produtos de tubarões', diz ela, que luta para que países desenvolvidos adotem medida semelhante.
'Os tubarões são vilificados há séculos, mais ainda em anos recentes', diz ela.
'Eles são parte do balanço dos oceanos e da cadeia alimentar, mas são mais vulneráveis do que outros animais porque atingem a maturidade sexual mais tarde, tem poucos filhotes e se reproduzem mais lentamente do que outras espécies', diz ela.
Cristina diz que os tubarões são ainda hoje uma parte considerável de sua vida.
Ela presta consultoria a aquários e programas educacionais.
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